Lisboa que amanhece
Luiz Carvalho
Luiz Carvalho
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Já nada vemos em Lisboa. Não. Vemos o som do silêncio As vozes distantes da Amália, Do Carlos do Charme, do Palma ou do Godinho. Não. Já nada vemos em Lisboa. Nem os beijos roubados, nem os magalas Perdidos, nem as mulheres disfarçadas na rampa do Conde Redondo. Não já nada vemos em Lisboa. Partiram os tuk-tuk, as italianas de calção, As bichas para o marisco, o fado da moda, As bicicletas verdes montadas por Gente com pressa. As trotinetes caíram mortas, afogando As ruas cheias de mágoa. Não já nada vemos em Lisboa. Nem os néon que desenhavam a noite, O ruído da solidão, os corpos embrulhados Em cartão guardando lojas de marca. Não. Já nada vemos em Lisboa. Sentimos o odor do medo, dos dias Incertos, neste terramoto que nos abana A alma e o corpo. Não. Nada vemos em Lisboa. Só a sua luz que chega até nós vinda Do túnel do tempo. E da esperança. |
NOTA BIOGRÁFICA
Luiz Carvalho, que nasceu e vive em Lisboa, tem origens na Beira-Alta, e frequentou o Liceu Padre António Vieira, licenciando-se em arquitetura, na Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa, em 1979.Trabalhou dez anos como arquiteto na Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, de onde transitou para o semanário Expresso, onde foi editor multimédia e, durante 25 anos, editor de fotografia.
Recebeu o Prémio Gazeta, foi correspondente da Sipa Press, nos anos de 1980, colaborou com a Associated Press, durante quatro anos, com o Tal & Qual, com a Grande Reportagem e o Primeiro de Janeiro, onde em 1978 iniciou a carreira de jornalista.
Foi professor de Fotojornalismo na Universidade Autónoma de Lisboa durante dez anos e continua a ensinar fotografia no seu estúdio, Lightshot.
Desde 2012 que tem um programa semanal na televisão, primeiro durante quatro anos na TVI, o Fotografia Total, e depois na RTP3, Fotobox, no ar, de que é autor e realizador.
Recebeu o Prémio Gazeta, foi correspondente da Sipa Press, nos anos de 1980, colaborou com a Associated Press, durante quatro anos, com o Tal & Qual, com a Grande Reportagem e o Primeiro de Janeiro, onde em 1978 iniciou a carreira de jornalista.
Foi professor de Fotojornalismo na Universidade Autónoma de Lisboa durante dez anos e continua a ensinar fotografia no seu estúdio, Lightshot.
Desde 2012 que tem um programa semanal na televisão, primeiro durante quatro anos na TVI, o Fotografia Total, e depois na RTP3, Fotobox, no ar, de que é autor e realizador.